quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Barreiras de Fogo

A pesquisa interior que todos fazemos, ou que fica por fazer, sempre realça aquilo que não somos ou queremos ser. Sempre buscamos o maravilhoso ou o mais brilhante, não sabendo contudo que pode ser uma análise de uma constante falácia, em que os diamantes são negros e em que o que dantes eram brilhantes, são agora trilhos de sangue e tortura.
Haverá nesta pesquisa um pouco que seja de humildade? Será tão custoso assim, assumir os erros e encarar a verdade? Nos dias que correm, quantos de nós se apercebem da beleza da vida e quantos de nós deixam a tristeza da vivência alegremente retratada?
Tristes os que vivem num marasmo e bebem da banalidade para sobreviver…são aqueles que perderam à muito o entusiasmo, a vontade de crer numa outra realidade. Uma realidade, em que ainda, os passarinhos colhem alguma admiração e são alvo do mais belo retrato da vida…realidade explosiva em que as emoções são, e sempre serão, o mais importante. Posso dizer que vivo cúmplice e amante do simples gesto de expor meu coração!!.
A vida, como o amor, não pode nunca ser vista como uma repetição, como um puzzle pré definido, pois a forma de viver de quem ama, remete sempre para uma exposição daquilo que são os nossos sentimentos, a nossa batalha…daquilo que é o vivido.!!
É toda esta diversidade, todas estas situações novas, que tornam o amor não uma verdade absoluta mas sim um “chilrear”, um “abrir”, um”ressuscitar” das auroras da vida
Que ninguém queira definir o amor, que ninguém queira dissecar as formas de amar…será decerto uma viagem nula em que a ausência de cor, mostrará como é mais fácil deixar…deixar os sentimentos voar numa manifestação de carinho e ternura…como quem tece com o mais puro linho, um destino que está traçado e por traçar. Seremos alvo de “olhares de soslaio” se questionarmos o destino? Seremos castigados pelos deuses se quisermos definir a nossa própria existência? Recuso-me a pactuar com Sua Reverencia omnipresente, e pode até lançar um raio “castigador” mas a verdade provavelmente será apenas uma…a verdade, que estamos de facto, reduzidos a provar um sabor para o qual não estamos preparados.
Quem nos impede de lutar contra esta sociedade mesquinha, em que mesmo aqueles que a não defendem, não o sabem fazer? Ninguém impede de facto, mas é fácil de ver que o ridículo será sempre um aliado constante, como que se o caminho que todos estes trilham, estivesse sempre pendente dum intrigante mas contundentemente delirante falhanço. É verdade que falham mais os que não tentam, mas não seria melhor que não fosse necessário tentar? Seria isso a evidência de que tudo estaria melhor? È verdade… por isso me proponho testar o sistema e acarreto com as consequências, abrindo lugar a um teorema em que as consciências são beijadas por esta caneta.
Mentes queimadas em que o silencio não parece bastar…ideologias disfarçadas no mais puro pudor e negação de horizontes que estão por alargar. É difícil explicar, ou mesmo conceber, a razão pela qual o silêncio não mais serve como antídoto…antídoto para um cenário a quebrar e solução para ver…ver mais alem.
Como ultrapassar estas barreiras sem sentir o fogo a queimar? Como transpor as primeiras sem estarmos aptos a continuar? Mais uma viagem impossível esta que temos de encetar, a viagem da transição entre o que é visível e o que é negro como um carvão, entre o que é eterno e o que surge de passagem.
Que barreiras terríveis, e ao mesmo tempo aliciantes, são estas? Seremos nós e as nossas incessantes tentativas de mudar, se ser alguém melhor? Talvez…serão elas impostas como algo absoluto e irreversível, ou será apenas o nosso reflexo invisível com o qual não sabemos lidar? Não sei, ou não pretendo saber, tomando-as apenas da minha maneira de ver, como apenas barreiras de fogo a ultrapassar. Ultrapassar os outros ou ultrapassar o nosso egocentrismo?
As questões são infinitas e aliciantes mas não poderemos olhar apenas as coisas bonitas, relegando as que se apresentam errantes? NÃO. Nesse caso...acabaremos queimados!!.

Viana do castelo, 31 Julho de 2007
Pedro André Branco de Abreu